Tudo o que você precisa saber sobre as mudanças no FGTS

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Olá Poupadores, neste artigo vamos falar das mudanças no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e por que isso é bom para você.

Antes de tudo, é importante entendermos o FGTS. Esse fundo foi criado com o objetivo de construir uma reserva financeira para o trabalhador durante seu contrato de trabalho através de uma conta. Essa conta é vinculada ao empregado e, todo mês, o empregador deposita o valor correspondente a 8% do salário do empregado. É a construção de uma poupança compulsória para a proteção do trabalhador quando houver demissão por justa causa.

Essa poupança compulsória pode ser utilizada em momentos especiais, como aquisição da casa própria, aposentadoria, doenças graves ou demissão sem justa causa, entre outras situações. Saiba mais sobre essas condições clicando aqui.

Pois bem, resumindo, o governo dita quando e como você pode sacar seu próprio dinheiro, que fica aplicado em investimentos que rendem muito pouco. Veja só a rentabilidade histórica:

Retirado de http://minhaseconomias.com.br/blog/financas-pessoais/quao-ruim-e-o-rendimento-fgts

Entre 2001 e 2016 a rentabilidade do FGTS só superou a inflação em dois anos.

Agora, olhando para um levantamento realizado pela UOL, vejam só como a rentabilidade do FGTS é baixa quando comparado com a maioria dos investimentos, mesmo no longo prazo.

Retirado de https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2017/02/01/em-20-anos-rendimento-do-fgts-perde-para-poupanca-e-nao-cobre-nem-inflacao.htm

Com isso é fácil verificar que no fim das contas o FGTS funciona como imposto sobre o trabalho, afinal de contas, mesmo na poupança, investimento de baixa rentabilidade que praticamente todo brasileiro conhece e confia, os lucros foram cerca de duas vezes maior do que o FGTS.

Como o trabalhador não tem liberdade para movimentar o dinheiro, ele é obrigado a aceitar uma rentabilidade menor que a inflação e isso é uma forma disfarçada de imposto, um imposto sobre o trabalho. Ao deixar o dinheiro aplicado no FGTS, você perde dinheiro ao longo do tempo, já que a valorização não é suficiente para acompanhar a perda de valor do dinheiro.

Felizmente as coisas começaram a mudar a partir de 2017. A primeira mudança foi na rentabilidade, o fundo que antes distribuía 3% a.a. + TR passou a distribuir também 50% dos resultados.

E, há alguns dias, o governo, com intuito de impulsionar a economia, decidiu facilitar a poupança compulsória de cada trabalhador e anunciou mudanças que visam melhorar tanto a rentabilidade quanto a flexibilidade do FGTS.

Do lado da rentabilidade o governo anunciou que a distribuição dos resultados será de 100% em vez de 50%. E, com isso, a rentabilidade de 2018 será de 6%, 3% da parte fixa e mais 3% sobre a distribuição de 100% do resultado. Depois de muito tempo, o FGTS renderá mais que a inflação e um pouco mais que o CDI, algo muito raro de acontecer. Alteração positiva.

Quanto à flexibilidade, o governo anunciou que irá liberar R$ 500,00 das contas ativas e inativas ainda esse ano, e ainda anunciou a modalidade Aniversário. Essa adesão opcional permite ao trabalhador resgatar parte do FGTS anualmente a partir da data de aniversário da conta até os 90 dias seguintes. Abaixo segue tabela para o cálculo do valor de saque conforme a quantidade de dinheiro na conta:

Retirado de https://brasil.elpais.com/brasil/2019/07/24/economia/1563996236_294492.html

Mais uma bola dentro, o lado negativo fica por conta da inexistência de possibilidade de sacar o valor integral da conta em caso de demissão por quem aderir a essa modalidade.

Vejo essas mudanças como positivas porque parto do princípio de que a melhor pessoa para cuidar do seu dinheiro é você mesmo. Isso porque damos valor diferente às coisas e outra pessoa partirá de um racional diferente para destinação dos recursos. Gostei bastante da modalidade aniversário ser opcional, pois agrada a gregos e troianos.

Em um mundo ideal, onde as pessoas possuem boa capacidade para tomar boas decisões financeiras, o FGTS não deveria existir, a própria poupança deveria ser gerida por cada um. Mas não estamos no mundo perfeito e quando falamos de Brasil estamos bem distantes disso. Então ainda acho que é algo que faz sentido existir, pelo menos até o final da próxima década.

É isso Poupadores e Poupadoras, espero ter esclarecido dúvidas sobre o FGTS e as últimas mudanças anunciadas. Ficou com dúvida? Comente abaixo!

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